“A vida tinha mudado. […] Eram dias de espera, de procura e de inquietação, que correspondiam a uma situação nova. De vez em quando as pessoas reuniam-se, mas parece que não conseguiam acertar nada. E, mesmo com certa angústia, foram mantendo um fio ténue de esperança de que algo estaria para vir.”
Pe. José Luís, CSh
Para muitos de nós que crescemos no Movimento e que, entretanto, assumimos compromissos familiares e profissionais, tornava-se necessário, no balanço de uma caminhada feita nos Secretariados Paroquiais, descobrir novos meios de continuidade do processo. Na altura, o Padre Luiz Carlos, atento à realidade e acolhendo as nossas inquietações, deu corpo à nossa vontade ao propor a formação de grupos que, numa linha de partilha e de vivência, congregariam encontristas, cônjuges e aqueles que, por terem mais idade, não tivessem podido fazer o processo do Movimento. Chamou-se-lhes Grupos de Vivência e esboçaram-se alguns traços, que, de modo muito aberto à realidade das pessoas, à sua disponibilidade e criatividade, definiam uma nova forma de comunidade, nesta época de crescente e paradoxal individualismo e massificação.
Passaram uns anos e fizemos caminho…
É também desta forma que, hoje, integramos a Igreja de Jesus Cristo: nesta pertença à Família Shalom, vendo-a não meramente como um enquadramento institucional, antes como uma experiência que nos abre para uma verdadeira espiritualidade encarnada e para uma vivência comunitária. É assim também que, tendo presente as nossas vivências, acreditamos que os caminhos abertos pelos Grupos de Vivência, agora Equipas de Vivência e Partilha (EVP), em formação e por formar, hão-de ser sempre diversos, repletos de novidade e, por isso, uma riqueza para a Família Shalom, para a Igreja e para a sociedade.
Falar de Equipas de Vivência e Partilha é falar de continuidade, de desafio, de compromisso, neste tempo e nesta história, sempre com a pedagogia e a espiritualidade dos Encontros de Jovens Shalom.
Falar de Equipas de Vivência e Partilha é falar da história de amor de Deus pela humanidade, para que possamos realmente compor, com as maravilhas do nosso tempo, um novo canto das criaturas.
O homem, a sociedade e a Igreja organizam-se em grupos, em ordem a serem presentes e actuantes na sua realidade, reflectindo, aprofundando, conscientizando-se, exprimindo e participando activamente como cidadãos/cristãos com direitos e deveres, desencadeando um processo de conversão das pessoas e transformação das estruturas, com base nos seguintes princípios:
• Crescimento na liberdade e na responsabilidade com vista ao empenhamento em opções concretas em cada realidade, centradas na referência a Jesus Cristo.
• Espiritualidade centrada na vidência-vivência bíblico-litúrgica comunitária e comprometida num espaço de abertura, autenticidade, amizade, partilha e festa.• Pedagogia centrada na Educação Libertadora – partindo da realidade e iluminando-a com a palavra de Deus e da Igreja.
Dar continuidade ao processo do Movimento Encontros de Jovens Shalom, dentro da sua pedagogia e espiritualidade.
Os objectivos serão identificados a partir da realidade de cada equipa.
• Ter um grupo de pertença, de referênci• Partilhar a vida num clima de apoio e reforço mútuos, acolhimento, cuidado e solicitude.
• Criar um espaço de encontro, de convívio que congregue e permita fazer caminho.
• Reflectir, aprofundar e crescer na fé.
• Ser fonte de compromisso e de empenhamento a vários níveis – que dão abundância à vida.
• Comprometer-se num processo de acção e reflexão, tendo presente a diversidade das expressões que a acção pode assumir para cada um: na família, na Igreja, no trabalho, no associativismo, etc.
• Comprometer-se em fazer caminho para a evangelização pelo testemunho (“Vede como se amam”, At 13).
A formação da equipa insere-se num projecto de continuidade do processo do Movimento Encontros de Jovens Shalom.
A equipa congregará encontristas que já não estão integrados no MEJShalom e não encontristas (cônjuge e/ou outros), numa abertura à diversidade.
Tendo em conta a finalidade e a dinâmica, é recomendável que cada EVP seja constituída por entre 6 a 12 pessoas, reunidas segundo um critério que pode ser a afinidade de interesses, a proximidade geográfica, acção conjunta, ou outro, tendo sempre como base a amizade.
Na formação da equipa, tenha-se em conta que:
• A proximidade geográfica poderá ser um elemento facilitador mas não deverá ser determinante.
• Poderá haver motivos que façam a equipa crescer em número (casamento, nascimento de filhos, etc.). Ter em conta que uma equipa demasiado grande terá maiores dificuldades em reunir.
• Cada equipa deverá ter uma forma de se identificar, um nome que reflicta a sua identidade.
1. Interna
As reuniões têm uma periodicidade mensal (de preferência, mas que pode ser quinzenal, bimensal, etc., consoante a disponibilidade dos membros da equipa) e a duração variável de acordo com as necessidades (por exemplo, um dia inteiro, um serão, uma tarde).
As reuniões são regularmente nas casas dos participantes (de forma rotativa, segundo a disponibilidade), mas pode-se proporcionar reuniões especiais noutros lugares (na casa da comunidade, num jardim, na praia, etc.), sendo importante que, para a realização das mesmas, estejam todos os membros da equipa.
Segundo as suas necessidade, as EVP podem optar por integrar, de forma pontual ou permanente, um representante eclesiástico, que pode ser ou não da Comunidade Shalom.
Em cada equipa, poderá haver um coordenador (ou dois, no caso de ser um casal) que, durante um ano, assegurará mais facilmente a ligação entre todos os elementos da equipa, entre a equipa e as outras EVP e entre a equipa e as outras estruturas da Família Shalom, da Igreja e da sociedade
É importante que o esquema de cada reunião inclua:
• um tempo de acolhimento;
• o tratamento de um tema (de vida, da actualidade, litúrgico, etc., mas sempre do interesse de todos), preparado, rotativamente, por um ou mais membros do grupo, com recurso a uma pedagogia que facilite a reflexão, a partilha de vida, que seja libertadora e gere compromisso;
• um tempo de oração/paragem (complementação ao tema tendo presentes os contributos da ciência e das artes, procurando “iluminar” a vida pela Palavra de Deus e da Igreja)
Ao longo do ano de actividades, é importante que a equipa crie tempos fortes de celebração (por exemplo, ceia de Natal), de aprofundamento de um tema litúrgico, eclesial ou outro e de convívio e lazer (por exemplo, passeio, caminhada, um fim-de-semana fora…)
A acção de cada equipa é aberta a qualquer tipo de apostolado. Cada equipa segundo a sua realidade, necessidades e disponibilidade, poderá optar por uma acção mais concreta e/ou mais sistemática (animação de eucaristia, acção social, preparação de CPM, etc.) ou por acções mais esporádicas e como resposta a solicitações ou necessidades pontuais.
Como sugestão de um fio condutor dos temas de cada ano (a escolher pela equipa) poderão ser levados em conta os temas propostos pela Igreja ou por outros organismos.
É muito importante que cada EVP faça uma avaliação anual da sua vivência
2. Externa
De forma a cultivar a relação e o encontro com as outras EVP, cada equipa é chamada a:
• participar em actividades conjuntas, tais como o Retiro de Quaresma e o Encontrão, que poderão ser de carácter restrito ou alargado;
• participar em reunião e Eucaristia anuais inter-EVP.
Nota – A Eucaristia deverá, sempre que possível, ser parte integrante das actividades a realizar.
De forma a cultivar a relação e o encontro com outras estruturas da Família Shalom, cada equipa é chamada a:
• participar em actividades promovidas por outras estruturas da Família Shalom segundo a oportunidade, disponibilidade e perspectiva de crescimento da equipa;
• colaborar com as outras estruturas da Família Shalom, na preparação/realização de encontros e outras actividades tendo em conta a realidade e disponibilidade;
• fazer-se representar (presencialmente ou através de mensagem) em actividades de outras estruturas da Família Shalom, testemunhando um projecto de continuidade;
• partilhar a sua caminhada através dos meios de comunicação existentes, contribuindo com artigos, calendário de actividades e outras notícias.
De forma a manter laços com a Comunidade Shalom, cada equipa é chamada a:
• solicitar, sobretudo ao Padre da Comunidade que for designado para acompanhar as EVP, apoio ao nível do aprofundamento na fé, traduzido em reflexões sobre diferentes temas, em retiros, cursos (por exemplo, de análise educativa ou de relações interpessoais), em encontros de oração, etc;
• colaborar com a Comunidade nas actividades que esta promove privilegiando o apoio financeiro à mesma.
De forma a se manter em relação com outras estruturas da Igreja e da Sociedade, cada equipa é chamada a:
• participar na medida das disponibilidades e interesses da equipa, em actividades da Igreja e da Sociedade.
Cada equipa far-se-á representar através de um ou dois dos seus membros.
A coordenação será constituída pelos representantes de todas as EVP existentes e reunirá, pelo menos, duas vezes por ano.
Os representantes das EVP fazem a ligação entre a sua EVP, a coordenação e as restantes EVP
Será eleito um(a) coordenador(a), com um mandato de 3 anos, no início do ano apostólico seguinte ao da eleição da Equipa Nacional do MEJ Shalom, assegurando assim uma continuidade.
• Ao(à) coordenador(a) caberá:
o fazer as convocatórias das reuniões para as datas acordadas, propondo uma agenda;
o coordenar as reuniões de coordenação;
o assegurar o contacto e a comunicação com todas as outras estruturas da Família Shalom.
• Em cada reunião, um dos representantes assegurará a função de secretário (a).
Serão atribuições da coordenação:
• comunicar e fazer circular informações pertinentes (por exemplo, actividades das restantes estruturas da Família Shalom, Igreja e outras);
• propor e coordenar reuniões de representantes: no princípio do ano, para partilha de projectos, programação de actividades; no final do ano, para avaliação e outras (outros assuntos) que se achar convenientes;
• promover encontros entre as várias equipas no sentido da comunhão e partilha, caminhada e compromisso, de acordo ou não com o ritmo litúrgico;
• dinamizar a formação de outras EVP (que pode passar por convidar outras pessoas para actividades programadas);
• promover momentos de comunhão e partilha que congreguem todas as estruturas da Família Shalom;
• estabelecer contacto com as outras estruturas da Família Shalom;
• representar as EVP na Família Shalom e em estruturas da Igreja e da Sociedade que se achar conveniente;
• reunir anualmente com a Comunidade Shalom;
• apoiar, congregando, todos aqueles que, de uma forma ou de outra, perderam o vínculo permanente com o Movimento.